*Pela promotora de Justiça Gabriela Manssur, criadora da plataforma Justiça de Saia (@justicadesaia)
A partir desta edição, abro espaço para um diálogo sobre os direitos das mulheres. Não quero apenas dividir experiências, mas me certificar de que vocês tenham conhecimento sobre suas garantias, encorajá-las a buscar ajuda caso você ou alguém próximo precise e inspirá-las a se fortalecer na luta feminina diária por igualdade
1) VIRADA DE PÁGINA
Acho que é assim para a maioria das pessoas: a chegada do novo ano me faz perguntar o que eu desejo para o período. A resposta é sempre a mesma. Quero justiça para as mulheres. Desta vez, inicio com empolgação renovada esta coluna. E já proponho um desafio a você. Gostaria que levássemos adiante essa empreitada coletivamente, fortalecendo as mulheres ao nosso redor, para que nenhuma sofra em razão do gênero, e nos questionando sobre quanto de empatia, tempo e dedicação estamos doando umas às outras na batalha por igualdade, empoderamento e justiça. Afinal, quem ajuda uma favorece a todas. Aceita a provocação?”
2) SEM REMÉDIO?
Um dos motivos para que o Brasil ainda seja o quinto país do mundo em número de feminicídios, mesmo tendo uma das legislações mais completas em relação à violência contra as mulheres, é a fraca ressocialização dos autores das agressões. De pouco adianta fortalecer e proteger a mulher se o homem não abandonar padrões de comportamento. É comprovado que projetos que focam nos homens também reduzem as estatísticas. É o caso do “Tempo de Despertar”. Acompanhamos na última edição 41 homens por quatro meses, dando espaço para refletirem sobre seus erros e dilemas. Metade era reincidente, mas não voltou a cometer violência nem quebrou a medida protetiva. Isso significa mais mulheres livres de agressões.”
3) O PAPEL MASCULINO
A defesa dos direitos das mulheres é dever também dos homens do Judiciário. O juiz Mario Assumpção Filho, da Vara de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar da Zona Leste, em São Paulo, chama a atenção para o papel masculino. “Quando os homens despertam para a própria comodidade, em um país patriarcal e machista, precisam também se opor à construção de estereótipos de gênero para transformar esse quadro”, diz. Não ser violento não basta. É preciso agir a favor das mulheres. Você deve se voltar para os homens próximos com olhar crítico para observar comportamentos inadequados e sugerir mudanças.”